Cinco poemas de Alexandre Brandão

Direita e esquerda Ao sentar-me no muro da Urca, vi à minha direita um homem com um baita medo de uma abelha à esquerda um bebê segurava os próprios pés, esticava as pernas, comia e balbuciava sem a menor ideia do que seria o medo. Fascite Visto de longe sou um homem de cãs volumosas braços cruzados para trás — e dedos entrelaçados uma das pernas reta, a outra levemente dobrada um homem atento à dança colorida da água que jorra do chafariz. De perto, o rosto guarda, quase sem motivo, um pouco de alegria e não esconde a dor que sobe dos pés. Poema em 3 X 4 Imagine, então, que o fotógrafo cego buscasse retratar não o que não via, mas o que nunca existiu para a fotografia: um pensamento de escuridão ou uma saudade do amarelo. A viagem de ida Enquanto eu dirigia pela estrada cheia de curvas você disse: — tenho uma buceta. (Para ultrapassar o caminhão, prestava atenção nos carros que se aproximavam do nosso nos que vi...