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Mostrando postagens de março, 2020

Dez poemas de Gilcevi

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o amor era uma quinta-feira santa e dei-lhe três tiros nas costas ele ficou agonizando caído no beco a mão aflitiva nas tripas violadas cheguei perto pra dar o arremate : mais três na cara antes de fugir rumo à manhã ainda pude ver de longe a multidão se aglomerando espoliando a aljava o continente a poesia agora menos que um fantasma infância X (barreiro de cima) o meu pai teve a mãe & o meu pai teve o pai só que para ele ter o pai ele teve os avós a única viva é a mãe da mãe do meu pai a bisa dasdor que matou o marido com o pilão pra se casar com o primo ele arrancou uma costela dela e do osso nasceu uma amante que com ele teve mais vinte anti-heróis que sabiam amansar o azul e a pólvora e povoaram o barreiro deus viu que isso era bom e foi-se embora linhagem beira br beirada de linha cria da palafita de asfalto saco linhagem lanhando o lombo o velho caminha sob o muro

Cinco poemas de Tito Leite

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ESCASSO Se o tempo não deteriorasse eu o chamaria eternidade. Uma colheita, uma foice. O pássaro nasce e já é voo. POEMA   Não quero navegar nos mistérios dos mares jônios como quem aprende a língua do logos . Um bom poema não deseja aplainar as dobras de uma estrela que perdeu o cimo, mas interpreta um pássaro que ultrapassa os seus passos e nasce do fogo. Quero nas palavras as imagens abertas ao sereno da pele, qual uma cítara mágica no vinho suave da madrugada, como quem se completa nos quatro elementos. Prefiro o pulo errante de um gato que incomoda no telhado a um solo de guitarra que não rasga o céu dos injustos. PORTARIA Não adianta lutar contra o que não somos páreos. Deixar a vida à míngua esperando o edital do ministério dos tolos. Sabedoria é domar os ventos contrários. MONT