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Mostrando postagens de dezembro, 2019

Três poemas de Caroline Policarpo Veloso

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[isto aqui é uma expedição] marília garcia decidi começar um diário como quem decide fotografar-se todos os dias para enxergar o rosto mudando devagar decidi começar um diário de viagens não porque o movimento precise ser geográfico mas porque talvez eu precisasse percorrer longas distâncias para aprender a mover meu corpo talvez eu precisasse violentar brutamente a rotina para sentir uma ruptura e demarcar um começo mas é difícil demarcar fronteiras com precisão muito antes de começar, este diário já era uma inquietação prolongada ao redor da ideia de movimento em dezembro de 2017 recebi um bilhete que me dizia da importância da capacidade de se movimentar e eu que andava me sentindo bicho metamorfo sem corpo fixo sem solidez entendi que a impermanência precisaria ser um método corpo é movimento, anotei na exposição angel vianna em janeiro ou fevereiro de 2018 e a voz dela na gravação

Cinco poemas de Luiz Eduardo de Carvalho

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Hiato Dias de hesitante hiato entre o feito e o futuro, o concreto e o incerto; concreto feito um muro que separa o longe do perto e adia o reencontro imediato! Somos a pedra e o concreto: mais do que perto, juntos; o mesmo desejo perpétuo, mais do que coesos, unos... somos nós o muro! Matéria íntima um do outro, farinhas finas do mesmo saco já misturadas desde o coito, medidas na receita do bolo que de confeitos eu te faço e, feito dele, sirvo-me afoito! Menino levado, menina nua: noite e dias de janelas abertas, pernas tuas, a carne crua, gente vendo por entre frestas, as noites tortas e as carícias certas, os escudos baixos, as lanças eretas, todo o expediente e as horas extras, em que o menino em agonia urra o silêncio que o amante sussurra! Fantasias de cantigas de gesta, princesa, cavaleiro e herói... mocinho, índia e caubói; a égua, chicotada que dói, em disparada desembesta a fazer tudo que não prest