Cinco poemas de José Sóter





O que vi naquele momento?


A cena é sempre a mesma

A mãe

Semblante Frida

Carrega o bebê


O pai fuma

Sem ao menos 

Olhar para os mesmos







Sem dó


Não adianta chorar baixinho

Porque estamos em dó/r maior


Fascinação!!!


E no poema 

Cada sílaba, nota

Cada nota, sílaba

E na canção

Várias notas, uma sílaba


Tudo cabe no poema

Quase tudo cabe na canção

Ritmo, melodia, harmonia?

Só encontro numa roda de samba!


Eu te amo.

Sou seu playback.







Música guspel


Guspo no feminicídio

Guspo nos homofóbicos

Guspo nos machistas

Guspo nos autoritarismos


Guspo nos fascista

Guspo nos fakenews

Guspo no estuprador

Guspo no desmatador


Guspo no capitalista

Guspo no falso profeta

Guspo no oligopólio


Guspo na manipulação

Guspo na alienação

Guspo no bolsominion








Do coração


Vivo em vastatina

Sobrevivo em maleatos

Reajo em selozok

E navego em prevent 100


Divirto-me com D três

Fortaleço-me com ômega três

E vivo com cerveja







ANÁ/FORA


Ana fora bem nascida

Ana fora bem criada

Ana fora bem formada

Ana fora bem sucedida


Ana fora distraída

Ana fora atraída

Ana fora traída

Ana fora destruída


Ana fora estuprada...











José Sóter, precursor da Geração Mimeógrafo de Brasília, criador da SEMIM Edições, autor de 17 livros de poemas, radialista comunitário e produtor cultural.




Imagem: Evangelina Gemma Alciati. [1883-1959]. Triste madre. 1907.

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