Sete poemas de Pedro Cardoso Neto








SILÊNCIO

 

escuto a moto

secante

a cento e vinte

tentando ultrapassar

o vírus

o medo

de morrer de

amar

 





ON THE ROAD

 

nem bem no

caminho do meio

mas sempre

no meio do

caminho

a gente sempre

se encontra

 

sozinho








 

 

 

 

 

 

PAYBACK

 

tem uma náusea velha

estacionou no

piloro

sempre que tusso

ela me dá um

soco

e uma dúvida

se respiro se

relaxo

se devolvo  à

manhã

o café da manhã






HORA ÍNTIMA

 

na hora

pede pra me sedar

e se der

errar a dose









 

 

 

 

 

 

 

 

EN PASSANT

 

lá vai meu irmão

as costas curvadas

carrega

o peso do mundo

mais nada






GAROA

 

dia frio

chuvoso

um vento

vesti vermelho

só pra ver se

melhoro

deste bom-comportamento

 





TESÃO

 

agora vou florir

minhas quatro da tarde

almoçar

fora da hora

eu nem sei se

fome eu tinha

tenho mesmo é

um tesão

de partir o dia

com o arroz

que eu amo tanto

e amor meu

só com feijão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pedro Cardoso Neto nasceu em Belo Horizonte, em 22 de março de 1958. Pai de Ana dos Anjos. Escreve desde os oito. É tradutor de inglês. Seu primeiro livro, Meu amor por ela, foi publicado em 2019.

 

 

 

 

 

 

 

Imagens: Mark Rothko

 


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