Cinco poemas de Ana Valéria Fink
A
ÁGUA DA PIA
a
água da pia,
em
círculo,
vai
pelo ralo.
e
eu não tenho a tampa...
assim,
a vida.
passando,
correndo,
voando,
escoando
depressa,
sem que
nada
a detenha.
a
vida, líquida,
escoando
pelo ralo.
e
eu não tenho a tampa...
DESAMPARO
vida
traça-me
trilha
na
areia.
há
vento por aqui.
DRAMA
EM DOIS ATOS
I
ATO
você
no proscênio
eu,
voluntária, na coxia
apoio
pra sua alegria
II
ATO
seu
decesso involuntário
me
resta o camarim
onde
ensaio reinterpretar a mim
sem
concepção de adereço nem cenário.
sem
ponto.
você,
roteiro de onde não volto.
(o
Grande Dramaturgo pregou-nos uma peça:
nessa
desídia transcreveu em tragédia o gran
finale.)
BONS
TEMPOS
bons
tempos aqueles
em
que dos sonhos ruins
despertava
em seu abraço
–
sua
insônia fazia-me vigília.
agora
é quando abro os olhos
que
o pesadelo me acomete.
COMPAIXÃO
coro(n)ados
pela ameaça
que
nos assombra
constritos
isolados
impedidos
de nos darmos
com
paixão
é
mister aprender
a
beijar com os olhos
e
abraçar com os ouvidos.
Ana
Valéria Fink,
natural de Curitiba - PR. Pentamãe. Formou-se em Odontologia pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR. Mora atualmente na Bahia,
onde trabalha como revisora. Participou da Antologia de Poemas
Novelo,
Ed. da UEPG, 1995. 3º lugar no Concurso da Companhia Editora de
Pernambuco, com o livro infantil A
História de uma boca
(CEPE, 2015). Publicou Regando
os jardins do Senhor e outras crônicas
(Via Litterarum, 2015) e Mosaico
(Edições
Marianas, 2018, poemas). Mantém no Facebook a página “Cronicália”.
Imagem: Valacirca Connor Larsson
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