Cinco poemas virais de Ademir Demarchi

I

ALTA CONTEMPORANEIDADE

tudo que é insólito

se respira no ar

II

A NATUREZA HUMANA

o ser humano é um hospedeiro receptivo

amigável disseminador e colaborativo

III

SÓ A CABECINHA

o mp está preparando uma pica

do tamanho de um cometa

pra empurrar na gente

vai doer mais que gripezinha

IV

MASCARADO NO HIPERMERCADO

na frente da peixaria

distraída ia uma sereia

hummm pronta pra ceia

revirei os olhos de meia

conselho de mamma mia

tapei ouvidos com aveia

lépido fugi da pandemia

V

ALÍVIO, A PANDEMIA ACABOU

só acaba pra quem morre

graças ao governo

acabou para dezenas de milhares

[Poemas inéditos do livro em elaboração Odiário da Peste]

Ademir Demarchi nasceu em Maringá-PR em 1960 e reside em Santos-SP. Editor da revista de poesia BABEL (15 edições publicadas) e do selo Sereia Ca(n)tadora (mais de 30 livros publicados artesanalmente), organizou para a Biblioteca do Paraná a antologia 101 poetas do Paraná – Antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI e publicou os livros de poemas Os mortos na sala de jantar (Realejo, 2007), Pirão de sereia (poesia reunida, Realejo, 2012), O amor é lindo (Patuá, 2016) e Gambiarra – Uma pinguela para o futuro do pretérito (Urutau, 2018); o livro de crônicas Siri na lata (Realejo, 2015); o livro de ensaios sobre literatura Espantalhos (Editora Nave, 2018) e em 2020 está lançando os livros Contrapoéticas (Editora Nave) de crítica sobre poesia e Louvores Gozosos, de poemas (Olaria Cartonera). Este ano publicará também pela editora Urutau o livro de poemas In Fuck We Trust, contra o momento presente, focando no primeiro ano do governo Bolsonaro, continuando Gambiarra, que se situa no período do golpe contra Dilma. A esses seguem o livro Odiário da peste. Sites: https://babelpoetica.wordpress.com/, https://sereiacantadora.wordpress.com/,

https://ademirdemarchi.wordpress.com/, Redes sociais: https://www.instagram.com/ademirdemarchi/, https://www.facebook.com/ademir.demarchi.7. Contato: revistababel@uol.com.br

Imagens: Mark Rothko