Três poemas de Duan Kissonde
YANGUI
Exu é rocha
primeva
chave de ignição
que encruza qualquer chama
erupção inaugural
que nutre
o ventre bílis negra
da noite
com sua pedra-ferro
banhada de sangue.
MILANCOLIA
A milonga
eu trago dos pampas
bílis negra que não me abandona
Um biajazo de lança, um banzo de carne e sal
Montado num sopapo, como num zaino ferino,
eu batuco nas feridas das pelotas
uma tarde febril de um santo domingo qualquer.
SIBILANTE
Não é cobra e
nem não-cobra
Não é homem e
nem mulher
É um arco-íris
De coisas novas
Arrobobói Oxumaré
Duan Kissonde (1993) é poeta e graduando do curso de
História na UFRGS, é bolsista de iniciação científica CNPq no projeto
Trajetória da Educação das Relações Étnico-Raciais no Rio Grande do Sul: Ensino
de História e Recepção das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Também é pesquisador
autodidata das territorialidades negras em Porto Alegre. Tem poemas publicados
na Antologia Literária Jovem Afro
(2017), Cadernos Negros Volume 41
(2018), Revista Ovo da Ema (2018),
Ruído Manifesto, Revista Acrobata e na exposição Retour a L’Afrique em Bandjoun Station, no Camarões, que fica
aberta ao público até o dia 30 de junho deste ano. Seu livro de estreia na
poesia, Água de Meninos, sairá pela
editora Taverna e está com lançamento previsto para março.
Imagens: Deborah Dornellas
Todos os direitos reservados © Deborah Dornellas
Imagens: Deborah Dornellas
Todos os direitos reservados © Deborah Dornellas
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