Cinco poemas de Alexandre Bonafim
ROSTO
Não há como fugir
dessa verdade frontal estúpida:
fitar teus olhos
e desenhar em tuas pupilas
o ardor de um tigre
cego
DESEJO
Diante dos teus olhos
tudo é sempre meio-dia
MENINO ARIANO COM ASCENDENTE EM LEÃO
Ao ir embora
não deixa ausência
mas constelações
Sobre os trovões
adormece
Impávido
o rosto
contra as tempestades
ANGÚSTIA
A angústia
casa sem portas
ou paredes
sombra
de um corpo
ausente
pegadas
de um morto
TOCAR-TE
Tocar-te era saber
a voz de minha sombra
o nome de minha morte
GRITO
Um corpo é um cárcere
violenta o que somos
e o que não somos
até onde não estamos
Um cárcere onde
nos debatemos
contra o sangue
contra os ossos
Um corpo é um grito
de costas para a morte
Alexandre Bonafim é poeta, ficcionista, crítico literário e
professor de literatura da universidade de Goiás.Nasceu em Belo Horizonte e
atualmente mora em Goiânia.
Imagens: Desenhos de Deborah Dornellas
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