Cinco poemas de Mell Renault










Costume

Bicho solto
é coração selvagem
no meio
da mata.
Vibram tambores
na pele
das árvores
e no eco impresso
nas cavernas
acende o suor
que consagra
a terra.
Eis a tradição
que nos governa.





Tempestade

No meio
do tempo
a sagração
do rio.
Fiandeiras
tecendo brasas
e
vulcão aceso
moldura renda.
No meio
do Sol
a sagração
da chuva
e
um vendaval
no meio do caminho.












Vida

Cresce
o tempo
no
estalo das horas.
Corre
o tempo
no vento
na chuva
no quintal
da casa.
Cresce
o tempo
refugiado
nas mãos
repletas
de fuligem.
Corre
o tempo
na matéria viva
água.





Revelação

Fui sabendo
de mim
pela chuva,
as poças
no caminho
louvam
as pedras.
Fui sabendo
de mim
pelo vento,
os redemoinhos
redesenhando
meus caminhos.
Fui sabendo de mim
quando
entendi
pássaro
 – joelhos feridos
pela audácia
do voo.












Correnteza

Memória
de
viva
água
ressalta
em mim
destino
de
pedra tão sonora.
Há de vir
rio
chuva
no limite
do ir
 – travessia.











Mell Renault é escritora e dramaturga. Mineira de Belo Horizonte, tem 34 anos, quatro filhos e é casada com o fotógrafo e escritor Carlos Figueiredo – que mantém e organiza sua obra artística. Manteve, dos 15 aos 25 anos, o blogue Pensamento Polaroid – que deixou de ser blogue para se tornar um fanzine de incentivo à leitura. Pensamento Polaroid é hoje conhecido no Brasil e no exterior como o único fanzine literário no mundo com um trabalho completamente manual – desde a capa até os textos.  Publicou em diversas revistas literárias: Diversos Afins, Alagunas e Mallarmargens, é também colaboradora da revista literária InComunidade (Portugal). Lançou em 2019, pela Editora Coralina, seu livro de poemas Patuá.






Imagens: Google


Comentários

  1. Vale muito a pena ler a poesia de Mell Renault, cujo brilho vem do mais puríssimo diamante das Geraes.

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