Cinco poemas de Adri Aleixo
Ela precisa de um chão para varrer
as folhas
O quintal
é seu lugar
de ajuntar o tempo
Estas árvores não foram pensadas para o Sertão
Vieram do bico d’algum pássaro
nasceram perto do rio
e tem memória de mar
A menina passa pra buscar a tabatinga
as raízes do pequizeiro rompendo esperas não lhe ensinam
nenhuma paciência
O quintal
é seu lugar
de ajuntar o tempo
Estas árvores não foram pensadas para o Sertão
Vieram do bico d’algum pássaro
nasceram perto do rio
e tem memória de mar
A menina passa pra buscar a tabatinga
as raízes do pequizeiro rompendo esperas não lhe ensinam
nenhuma paciência
Ampulheta
A
folha pendeu-se do galho
e
verde ainda agarrou-se ao telhado
não
demora setembro, até que ela caia
marrom
e devagar
neste
dia aprendi do tempo:
a
cor
a
queda
a
silêncio
Cumeeira
Para
cessar o peso do dia
poderás
ir ao telhado
lá,
há um precipitar de chuva e pulo
uma
vista para o descampado
é
lá onde secam as palavras
e
coragem é uma espécie de ruindade
lá,
duas águas se encontram
Cristaleira
entre
as duas taças
a
xícara lascada
r
e s p i r a
Adri Aleixo publicou Des.caminhos (2014) e Pés (2016), ambos
pela Editora Patuá. Em 2019 , publicou Das muitas formas de dizer o tempo, com
imagens de Lori Figueiró, pela editora Ramalhete (do qual são estes poemas). É professora de Linguagens e
mestranda em Literatura Brasileira pelo CEFET-MG.
Imagens: Josef Albers
Uma lindeza!
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