Quatro poemas de Luiz Otávio Oliani
as coisas
ocultam-se
meio aos homens
o que seriam?
objetos?
sensações?
ideias?
o poeta arrisca
gostar de inutilidades
apanha um cisco
escreve
soubesse respostas,
estátua seria
ocultam-se
meio aos homens
o que seriam?
objetos?
sensações?
ideias?
o poeta arrisca
gostar de inutilidades
apanha um cisco
escreve
soubesse respostas,
estátua seria
RESGATE
a Antonio Carlos Secchin
como posso resgatar
o que não existe em mim?
ao beijar a solidão
eu me dispo por inteiro
na inútil tentativa
de ser Deus por um minuto
a Celi Luz
não mais o arroz doce
da panela da vó
não mais o latido
do Crioulo
não mais o velotrol
a pipa o pião
operários demoliram
o casarão em que nasci
se tudo são ruínas
do meu ego,
o tempo foi feroz
me destroçou
em lascas
da memória
e agora Teresa?
meu mundo ruiu,
o bule entornou...
café derramado,
toalha manchada.
com a chave nos dedos,
cadê solução?
a porta fechada,
a casa sem água...
o forno sem torta,
a rua com lixo...
se você cantasse
o tango argentino!...
se você tocasse balalaica!...
se você voasse...
se você fizesse alguma coisa, Teresa!
mas você só me pede versos
Luiz Otávio Oliani é professor e escritor. Em 2017, a convite de Mariza Sorriso, representou o Brasil no IV EPLP, Lisboa. Participa de mais de 200 livros coletivos. Consta em mais de 600 jornais, revistas e alternativos. Recebeu mais de 100 prêmios. Teve textos traduzidos para inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, holandês e chinês. Publicou 14 livros: 10 de poemas, 3 peças de teatro e o livro de contos A vida sem disfarces, Prêmio Nelson Rodrigues, UBE/RJ, 2019. Recebeu o título de Melhor Autor Apperjiano 2019 pelo conjunto da obra.
Imagem: ©disegna
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