Três poemas de Isabela Sancho
Narcisos
O
olho esquerdo
agarrado
a si mesmo.
O
outro se distrai anguloso –
mas
o mundo entorna e volta
a
cada respiro
ao
próprio nariz.
Estão
estrábicos de redundância,
impregnados
e
empertigados de si.
Bolena
Finaliza
meio mundo
à
sua passagem enorme –
enorme
despreocupação.
Abocanha
indiferente
água
e vida,
mero
bocejo.
Engole
tudo
que
sequer lhe faz cócegas,
túnel
móvel em alto mar.
Fototrópica
Meu
pescoço doído
de
tanto se esticar
para
olhar
onde
será que ele ia.
Inclinada
de intenção,
semi-caída.
Explícita,
até o sol
mudar
súbito e arredio.
Isabela
Sancho nasceu no interior de São Paulo, em 1989. Estudou desenho e se formou em
arquitetura pela Unicamp. É autora e ilustradora da plaquete Quem fala
em seu nome (Editora Primata, 2019) e dos livros de poemas As
flores se recusam (Editora Patuá, 2019 - menção honrosa no Prêmio
Literário Glória de Sant'Anna, Portugal) e A depressão tem sete andares
e um elevador (Editora Penalux, 2019). Está lançando Monstera, pela Editora Urutau, do qual
são estes poemas.
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