Três poemas de Patrícia Lavelle
Onde
I
Encosto a cabeça no teu peito
e ouço o imenso
horizonte líquido do tempo
Neste mesmo gesto
escuto e entendo: pergunto
O corpo é barco e oceano
onde, o marinheiro?
II
Entre o barco e o arco
do horizonte
movediça
onda
onde?
No eu
um outro
se esconde
Filomela
I
A-melódica, música
que me falta
e faz
aquém e além da língua
o corte:
canto que ecoa mudo:
fluxo e fio.
II
Não canto.
Minha voz é essa falta
que trans
borda:
imagens costuradas
na pele fina
do pensamento
III
Com o fio
da navalha
no tecido
do silêncio
eu bordo um grito
trans
figurado
Alquimias da palavra
palavra de barro:
elástica liga
do âmago, ânimo
e imagem
palavra de vidro:
o que deforma
o líquido
dá forma
ao vaso
verdade é sopro
que ateia e apaga
o fogo
palavra de carne:
palavra em carne
viva
viva
Imagens: Google
Comentários
Postar um comentário