Cinco poemas de Ana Elisa Ribeiro
Para
quando nunca
I
quando
eu ficar
poeta
famosa
vai
chover canivete
de
entalhar
só
palavra
II
quando
eu for
poeta
famosa
podem
me internar
num
frontispício
[Os poemas I e II de ‘Para quando nunca’ foram publicados, em versão levemente alterada, em Xadrez (Scriptum, 2015)]
Brechó de poeta
tenho
um baú inteiro
de
ironias sem uso
Refinaria
das
cento e poucas páginas
que
escrevi
no
último ano
das
centenas de versos
que
guardei
passados
doze meses
hoje
só penso
que
possam
s’evaporar
como
água salgada
deixando
o rastro
de
um cristal
a
ser refinado
[o poema ‘Refinaria’ está, também levemente diferente, em Álbum (Relicário, 2018)]
Autoajuda
vá
atrás
de
mais
sem
cansar
se
achar
que
não
deu
tente
de
novo
mais
e
mais
e
de
repente
se
ausente
.
.
.
respire
se
calhar
rasure
ganhe
resistência
até
confundir-se
a
si
com
sua
própria
persistência
[Os poemas ‘Brechó de poeta’ e ‘Autoajuda’ estavam inéditos.]
Ana
Elisa
Ribeiro
é mineira de Belo Horizonte (1975). Publica livros desde 1997 e
estão entre eles Anzol
de pescar infernos
(Patuá, 2013), Xadrez
(Scriptum, 2015), Álbum
(Relicário, 2018) e Dicionário
de Imprecisões
(Impressões de Minas, 2019). É colunista da Revista Pessoa e do
Digestivo Cultural.
[foto: Sérgio karam]
Imagens: Jinterwas
Poemas magníficos! ADOREI
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ResponderExcluirMuito bons!